15 de setembro de 2007

Poema de Ângelo Ochoa

Zeca:
Na tarde lenta, recostavas-te p’los bancos corridos da CGD,
esperando que caísse, na tua caderneta, alguma pensão, ou tença,
das ao fim concedidas a famintos de paz.
Ar acossado, anónimo kosovar, a quem distribuem roupas,
sabonetes, pasta pra dentes, toalhas, desodorizantes,
ousaras soltar teu grito: ‘Um rio de sangue do peito aberto sai!’
Pague-se-te já agora a conta certa:
Se ao fim caíste, faça-se-te, no talhão, em que não cabes,
reflorir as vivas flores vermelhas da madrugada, vulgo cravos,
pra que viceje a mesmíssima canção da chã certeza que és.

www.angeloochoa.net

4 Comments:

ochoa disse...

Amigos Gouveia e Todos Da Assiação José Afonso: Não sou António Ochôa, mas sim Ângelo Ochôa, autor forçoso do hoje transcrito meu poema Zeca: Para que obviamente corrijam... Tive certamente um tio António Ochôa, tenho, ainda vivo um irmão António Ochôa, mas, desculpem-me sou Ângelo Ochôa, autor do poema que me publicaram e ao Zeca - do que vos estou infinitamente reconhecido... Ainda a provar o que lhes digo vejam www.angeloochoa.net onde tal texto digo em gravação com fundo da 6ª sinfonia do imortal surdo que - pasmem - Zeca também bem amava - como amava todo o belo infinito da infinitamente bela Setúbal do nosso coração. 15, por coincidência do Bocage dia e de Setùbal cidade, vosso, Ângelo Ochôa

Anónimo disse...

Corrigido! As nossas desculpas, meu caro Ângelo.

Anónimo disse...

à AJA, VERSÃO ÚLTIMA, MAIS PRÓXIMA DA ORIGINAL, DO MEU FORÇOSO POEMA DO zECA:
eM sETÚBAL, NA TARDE LENTA, RECOSTACAS-TE P'LOS BANCOS CORRIDOS DA C.G.D, À lUÍSA tODY, ESPERANDO QUE CAÍSSE, NA CADERNETA DA TUA MAGRA CONTA, ALGUMA PENSÃO (OU TENÇA) DAS USUALMENTE CONCEDIDAS A FAMINTOS DE pAZ. aPRESENTAVAS O AR SIMPLES E ACOSSADO DE ALGUM ANÓNIMO KOSOVAR A QUEM DESTRIBUIRAM ROUPAS LAVADAS, SABONETES, ALGUNS DESODORIZANTES. mAS FIZERAS ALTO SOAR TEU GRITO DESPERTO DE CLARIM: «UM RIO DE SANGUE DO PEITO ABERTO SAI!» PAGUE-SE-TE JÁ AGORA A IMPORTÂNCIA CERTA: sE AO FIM CAÍSTE, FAÇA-SE-TE, NO TALHÃO EM QUE NÃO CABES, REFLORIR AS VIVAS FLORES VERMELHAS DA MADRUGADA, VULGO CRAVOS, PRA QUE SEMPRE VICEJE A MESMISSÍMA CANÇÃO, SOMENTE NOSSA, DA MESMÍSSIMA CHÃ CERTEZA QUE VIVESTE AQUI E HOJE ÉS. obrigado; Zeca, pelo testemunho vertical que nos deixaste!7.8.2007

ochoa disse...

Agora sim, a versão última e acabada ontem 23/10/2007 do meu e o zeca poema canto:
Zeca:
Na tarde lenta recostavas-te p'los bancos corridos da CGD / esperando que caísse na tua caderneta alguma pensão ou tença / das usualmente concedidas a famintos de paz. / Ar acossado, anónimo kosovar a quem embalam roupas lavadas, / sabonetes, pasta pra dentes, toalhas, alguns desodorizantes, / ousaras soltar voz soando a clarim: / 'Um rio de sangue do peito aberto sai!'/ Pague-se-te já agora a importância certa: / Se ao fim caíste, faça-se-te, no talhão em que não cabes, / reflorir as flores vermelhas da madrugada, vulgo cravos, / pra que pra sempre viceje da canção que és a chã certeza.


Adeus companheiros, continuamos «filhos da madrugada» como nos cantou o nosso companheiro de jornada e luta.
Ângelo Ochôa
www.angeloochoa.net/