1 de setembro de 2007

Procura-se movimento para recuperar A Brasileira, em Coimbra

A Brasileira, antigo espaço emblemático da Baixa, poderá ser recuperada. A Câmara está receptiva à ideia e até poderá encabeçar um movimento com esse fim

O vereador comunista Gouveia Monteiro defende que a Câmara Municipal de Coimbra «deve encabeçar um movimento» para reunir investidores e outras figuras da cidade com vista a recuperar A Brasileira, na Rua Ferreira Borges, para «a sua função de café com história».
«É uma oportunidade única de inverter o processo de descaracterização completa da Baixa e de a Câmara Municipal, com investidores e outras personalidades, reporem a marcha da história no seu caminho correcto», preconizou Gouveia Monteiro.
Espaço de tertúlias frequentado por, entre outros, Miguel Torga, Manuel Alegre, Paulo Quintela, Zeca Afonso, Alberto Vilaça ou António Arnaut, A Brasileira funcionou durante mais de sete décadas, tendo encerrado em 1995 e substituído por uma loja de pronto-a-vestir.
«Não seria difícil encontrar funções muito interessantes para transformar aquele espaço num ponto de animação do centro da cidade. Não seria necessário empatar muito capital», afirmou Gouveia Monteiro, sublinhando que a Câmara «deve ser o motor da iniciativa».
Para o vereador da Cultura, a proposta de Gouveia Monteiro «é positiva, mas não pode ser a Câmara sozinha a assumir o projecto».
Também Mário Nunes considera que seria «uma oportunidade de reactivar a Baixa», como tal, defende o envolvimento no processo de todos os cidadãos mas, sobretudo, de empresários e profissionais de áreas liberais.
O vereador da Cultura anunciou ainda que vai lançar, em breve, um livro sobre três espaços da Rua de Ferreira Borges que fecharam as suas portas, nomeadamente os cafés A Brasileira e Arcádia e a Barbearia Universal. Intitulado “O triângulo escaleno - A Brasileira, a Arcádia e a Universal”, o livro descreve «a história completa destes três espaços emblemáticos que fecharam em pouco tempo», disse o autarca.
Mário Nunes, ele próprio membro de uma das tertúlias de A Brasileira, recorda no livro alguns dos frequentadores deste café como Vitorino Nemésio, Joaquim Namorado, Nunes Pereira, Mário Silva, Louzã Henriques, Vasco Berardo, Gonçalo Reis Torgal ou Rui Pato, entre muitos outros cidadãos, conhecidos e anónimos, que ali tomavam o seu café e conviviam.
No final de 2005, o advogado e resistente antifascista Alberto Vilaça, que ali participava numa tertúlia, lançou o livro “À mesa d’A Brasileira - Cultura, Política e Bom Humor”.

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