16 de abril de 2006

Versões LX - Paula Ribas e Luis N' Gambi



Disco editado no Brasil em 1974, composto inteiramente com versões de José Afonso.

Editora: Discos Marcus Pereira

1 Comment:

Anónimo disse...

Em minha tese trato deste disco:

A aposta de Marcus Pereira na canção portuguesa no Brasil ocorreu em 1974 com o lançamento de dois discos da portuguesa Paula Ribas e do angolano Luis N’Gambi. A cantora do Algarve veio ao Brasil em 1970 para participar do Festival Internacional da Canção e aqui voltou em outras oportunidades. Em 1974, foi lançado pelo selo Marcus Pereira, o disco Portugal Hoje , apesar do nome amplo, contou unicamente com canções de José Afonso interpretadas por Paula Ribas e Luis N’Gambi.
Em sua capa figurava um cravo e os dizeres: “A transmissão da canção ‘Grândola, Vila Morena’ por uma emissora de Lisboa, foi a senha para a deflagração dos acontecimentos políticos de abril, em Portugal (de uma entrevista do capitão Salgueiro Maia à Revista Manchete)”. Além da senha dos capitães, segundo apresentação do disco feita por Marcus Pereira, contou com composições “de nítida inspiração folclórica na sua concepção literária e musical”, sobre a “revolução musical e florida”, e afirmou ainda: “Que assim sejam todas as revoluções, e que os espiões se disfarcem com vestidos de organdi, e que as balas sejam amarradas na ponta de um barbante, para maior economia das batalhas [...]”.
Entre estas canções, está Por trás daquela janela, uma referência à prisão e aos presos políticos: “Por trás daquela janela/ Faz anos o meu amigo / E irmão [...] Na noite que segue o dia/ O meu amigo lá dorme / De pé” [...] Neste trecho, uma alusão à tortura do sono , em que os presos ficavam nesta posição por dias, sem poder dormir, o que para muitos foi considerada muito mais danosa que as agressões físicas mais efetivas. O trecho “Naquela parede fria/ Uma canção de alegria/ No vai e vem da maré”, aclara o fato de tal inspiração advir da prisão de Caxias, que ficava próxima ao mar. Segundo Viriato Teles, esta canção foi dedicada “ao militante antifascista Alfredo Matos, que se encontrava preso em Caxias”. Por fim, há que se ressaltar que o disco Portugal Hoje traz canções de dois discos de José Afonso: Traz outro amigo também (1970) e Eu vou ser como a toupeira (1972).