19 de setembro de 2006

O TERRORISTA OBSERVA

A bomba no café vai explodir às treze e vinte.
São treze e dezasseis neste momento.
Há ainda tempo para entrar
e tempo para sair.

O terrorista já atravessou a rua.
A esta distância não corre perigo,
e que vista a sua – é como no cinema:

Uma mulher de casaco amarelo, entra agora mesmo.
Sai um homem de óculos escuros.
Dois rapazes de calças de ganga conversam à porta.
Treze horas, dezassete minutos e quatro segundos.
O mais baixo tem sorte, senta-se na motorizada,
já o outro, acaba de entrar.

Treze horas dezassete minutos e quarenta segundos.
Aproxima-se uma rapariga, de fita verde no cabelo.
Mas um autocarro pára de súbito à sua frente.
Treze e dezoito.
A rapariga desapareceu.
Se foi estúpida e entrou, ou não,
sabê-lo-emos quando eles forem retirados.

Treze e dezanove.
Parece que não entra mais ninguém.
Mas há um tipo que sai, gordo, careca.
Esperem lá, ei-lo que procura qualquer coisa nos bolsos e
quando faltam dez segundos para as treze e vinte
regressa para ir buscar as suas luvas velhas.

São treze e vinte certas.
Como o tempo se alonga.
Vai ser a qualquer momento.
Ainda não.
Sim, é agora.
A bomba explode.

WISLAWA SZYMBORSKA

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