23 de fevereiro de 2007

Gravação inédita de Zeca Afonso apresentada em Coimbra

O último concerto de Zeca Afonso, numa Queima das Fitas de Coimbra antes de 1974, tem a sua primeira apresentação pública marcada para sábado na cidade, graças a uma gravação inédita feita por um amigo do músico.
Gravado por José Mesquita, amigo de Zeca Afonso, o concerto realizou-se em Maio de 1968 nas "Tardes de Arte", que integravam o programa da festa dos estudantes da Academia de Coimbra.
"É um testemunho inédito interessante", disse hoje José Mesquita à agência Lusa, lembrando que o ambiente do espectáculo, imediatamente antes da crise académica de 1969, antecipava já "a preparação da revolução".
O registo, recolhido por José Mesquita e autorizado por Zeca Afonso, foi feito no antigo edifício (já desaparecido) do Teatro Avenida.
"É uma gravação artesanal, feita com gravadores antigos e um microfone colocado ao pé do Zeca", explicou o músico e professor catedrático jubilado da Universidade de Coimbra.
No espectáculo, Zeca Afonso interpretou temas na altura recentes como "Pombas", "Cantares do Andarilho" e "Cantar Alentejano", este último reclamado pelo público.
"Foi uma tarde muito especial, o público sabia o que ia encontrar, era uma massa académica já bastante politizada", lembrou José Mesquita.
A gravação tem a sua primeira apresentação pública marcada para sábado à noite na Livraria Almedina Estádio, em Coimbra, no âmbito de uma tertúlia em que amigos de José Afonso assinalam o aniversário da morte do músico, ocorrida há 20 anos.
A homenagem ao cantor organizada por esta livraria conta com a participação de "pessoas que conheceram, conviveram ou se cruzaram com uma das personalidades mais marcantes da canção de intervenção em Portugal".
Rui Pato, Carlos Correia, Manuel Freire, José Jorge Letria e Abílio Hernandez são alguns dos convidados da sessão.
José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos nasceu em Aveiro em 1929 e morreu em Setúbal, a 23 de Fevereiro de 1987.
Em Coimbra, levou a tradicional vida de boémia e de fados dos estudantes, viajou com o Orfeão e com a Tuna Académica, jogou futebol na Associação Académica de Coimbra e, nos momentos mais difíceis, chegou a trabalhar como revisor no Diário de Coimbra.
Professor de formação, percorreu o País de Norte a Sul, antes de ser expulso do ensino por causa das suas opções ideológicas, lê-se numa nota sobre o evento de sábado.

Agência LUSA 23.2.07

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