Celebrar o Zeca cidadão.
O núcleo do Norte da Associação José Afonso preparou um conjunto de iniciativas para celebrar a vida e obra do poeta e músico, no ano em que passam 20 anos sobre a sua morte, a 23 de Fevereiro de 1987. Uma lógica de cidadania preside à homenagem, com exposições, debates e concertos. Ana Sofia Rosado
Resultado da vontade da Associação José Afonso (AJA) e de parcerias diversas, o programa da homenagem foi ontem apresentado em conferência de imprensa por Paulo Esperança, da direcção nacional, e Fernando Lacerda, Eduardo Pinheiro e Teresa Figueiredo, do núcleo do Norte, nas instalações da UNICEPE, no Porto. Sábado, dia 3, Felgueiras inaugura a homenagem «Somos nós os teus cantores», na Casa do Povo da Longra, com uma exposição dedicada à vida e obra de José Afonso, seguida de tertúlia com Alípio de Freitas, presidente da AJA, a quem Zeca dedicou uma canção, e Paulo Alão, viola dos tempos de Coimbra. A obra de Adriano Correia de Oliveira integra esta homenagem, no ano em que também se completam 25 anos da sua morte (16 de Outubro de 1982). Antes do concerto às 21h30 com Tino Flores, Francisco Fanhais, e os grupos Ajaforça, Hyubris e Erva de Cheiro, decorre um ateliê de escrita criativa orientado por Miguel Gouveia, autor de um livro sobre José Afonso, a ser editado pela AJA. A iniciativa realiza-se em parceria com a Associação 25 de Abril e o Sindicato dos Professores do Norte.
O Clube Literário do Porto recebe de 14 a 17 deste mês «Com José Afonso – 20 anos de caminho». O primeiro dia é marcado pela inauguração de uma exposição temática sobre o homenageado e pelo debate «José Afonso – Os amigos», com Alípio de Freitas e o convidado galego Benedicto Garcia Vilar. Dia 15 há tertúlia poética e musical no piano-bar, com «O prazer do texto», e, no dia seguinte, realiza-se o debate «José Afonso – A Lírica», com o professor e poeta José António Gomes e a especialista em José Afonso Elfriede Engelmayer. Francisco Fanhais e José Mário Branco protagonizam o último debate no Clube, dia 17, intitulado «José Afonso – A Música».
A cidade de Guimarães junta-se a esta festa no Centro Cultural Vila Flor, dias 23 e 24 de Fevereiro, numa parceria com o Círculo de Arte e Recreio de Guimarães, a Associação 25 de Abril e a Régie Cooperativa Oficina. A exposição inédita «O que faz falta», cedida graciosamente pelo Mundo da Música, do acervo documental de Avelino Tavares, abre a iniciativa. No mesmo dia, tem lugar a teatralização musicada da vida e obra de José Afonso «O menino D’Oiro», sob a direcção de Gil Filipe, com mais de 60 actores de grupos amadores de Guimarães, cantores da Academia de Música Valentim Moreira de Sá e os Ajaforça. Dia 24, há concerto com a Banda Militar do Norte, um debate com Hélder Costa, que assinou a letra de algumas canções do Zeca, José Mário Branco, um dos principais orquestradores da sua música, Alípio de Freitas e o encenador Mário Barradas, entre outros. À noite, reúnem-se em concerto o grupo galego Ardentía e o espectáculo «Maio, Maduro Maio», com Amélia Muge, João Afonso e José Mário Branco.
Dia 3 de Março, realiza-se novo concerto no Teatro Sá de Miranda, em Viana do Castelo, e a 26 de Maio a jovem Associação Cultural RITUS, em Milheiros de Poiares, realiza uma exposição evocativa com alunos das escolas da região de Vila da Feira. Muitas são as iniciativas que a AJA, que celebra 20 anos no próximo dia 18 de Novembro, promove até ao final do ano para partilhar “o imaginário do Zeca com quem nunca o conheceu, nem à sua música, muitas vezes em locais onde ele não chegou a tocar”, sublinhou Paulo Esperança. Destaque para a possibilidade de animar com música as estações de Metro do Porto e de dedicar um dia da Feira do Livro do Porto a José Afonso. Será ainda lançado o livro «Adriano Sempre», pela Arca das Letras.
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