24 de fevereiro de 2007

Partidos lembram e aplaudem Zeca Afonso, 20 anos após a sua morte

José Afonso morreu a 23 de Fevereiro de 1987
Os partidos lembraram o músico Zeca Afonso, 20 anos após a sua morte, aprovando por unanimidade um voto que considera que o Parlamento não seria "a casa da democracia" sem o contributo do seu som.
No final da leitura do voto pela mesa do Parlamento, os deputados aplau diram o autor da canção "Grândola, Vila Morena", que foi na madrugada de 25 de Abril de 1974 a senha do Movimento das Forças Armadas (MFA) para o derrube do regime ditatorial.
"José Afonso morreu há 20 anos, em 23 de Fevereiro de 1987", recordou o Parlamento, declarando que "faz-nos falta ainda o cidadão que buscava no dia-a-dia a utopia dos impossíveis" e prestando homenagem ao músico.
Zeca Afonso, como ficou conhecido, foi evocado como alguém que deu "um som e um ritmo ao Portugal de Abril" e, com "a riqueza e a modernidade" das suas composições, abriu "caminho a um novo percurso" na música contemporânea portuguesa.
Os partidos homenagearam-no, considerando, contudo, que por ser "homem da margem e do despojamento", que se "dava bem com os simples e marginais, mas era avesso a regras e a dogmas", talvez o incomodassem "o ritual, a compostura, a cerimónia" da homenagem.
"Limitou-se a escrever, a fazer música, a cantar e a estar onde outros evitaram estar. Com isso incomodou e desarrumou a ordem e o sistema. Por isso o prenderam e impediram de exercer a sua profissão de professor", lembraram, no voto conjunto.
"A Assembleia não seria hoje a casa da democracia sem, entre tantos outros, ter também o inestimável contributo de um novo som que, falando do proibido , cantava o mundo dos renegados e dos aflitos e marcaria o compasso do 25 de Abr il", elogiaram.

Agência LUSA 2007-02-22

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