27 de março de 2007

Imagens da homenagem na Trafaria (Almada)


Fotos de Paulete Matos

Com uma sala cheia, o concerto de homenagem a José Afonso, no dia 2 de Março na Trafaria, foi uma noite de lembranças e saudades ternas do cantor, do poeta e do andarilho que mais marcou a geração de esquerda que viveu o 25 de Abril.
Este encontro foi uma iniciativa do Bloco de Esquerda de Almada e contou com os testemunhos dos deputados Francisco Louçã e Fernando Rosas, que desfiaram as suas memórias para relembrar uma das figuras mais simbólicas da resistência. O encerramento do encontro coube a Francisco Fanhais que, no final, fez com que todos, de pé, cantassem em coro “Grândola Vila Morena”.
A autarca do Bloco na freguesia da Trafaria, Helena Nunes, abriu o evento, com os devidos agradecimentos e a apresentação do programa. Presente para prestar tributo esteve também a Associação José Afonso, com um depoimento e uma exposição temática subordinada ao tema “A Vida e Obra de José Afonso”.
Na sua intervenção, Fernando Rosas, lembrou a influência das músicas de José Afonso nas lutas estudantis e que a sua mensagem é ainda pertinente e actual, referindo-se aos ataques que se perpetuam contra o direito dos trabalhadores, porque, «tal como ele escreveu e cantou toda a sua vida, o que é preciso é avisar a malta».
Seguiu-se a dupla de Arlindo Viegas e José Caritas e a passagem de um excerto do último concerto de José Afonso no Coliseu, que mergulhou a sala em nostalgia.
Francisco Louçã destacou a alegria de quem canta os amores e fez um rasgado elogio ao poeta e cantor que sempre foi de esquerda, não sectário, generoso, apaixonado, «tão sabedor do pouco que sabe e do muito que temos de aprender». Oportunidade também para destacar os acontecimentos do dia, como a maior manifestação dos últimos 20 anos, que reuniu mais de 120 mil pessoas contra a política de desemprego e a precariedade, referindo que «tanto abuso e descaramento», nas palavras de José Afonso, são como «piranhas na lagoa escura, tamanhas como nunca vi».
Para finalizar Francisco Fanhais recordou o amigo José Afonso e, entre cantigas, foi contando estórias e recordando os momentos de vivência conjunta. Comparou o homenageado a um «profeta» e lembrou que a herança deixada pelo Zeca é um legado para todos aqueles que não se conformam e continuam a lutar pela mudança. Francisco Fanhais, Arlindo Viegas e José Caritas revisitaram temas de José Afonso, como “Bairro Negro”, “Vampiros”, “Ronda do soldadinho”, “Cantar Alentejano”, entre outros.

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