Este glossário não respeita ainda as regras do acordo ortográfico, segue a sina antiga do p em óptimo e do c de gaita em facto, assumindo no entanto o y de boy sem receio de quem, sendo pelo ph, tenha, de há muito, optado por ser habitante de uma solidão elitista vocabular em Ortugal (queda involuntária do P que, como na anedota do lete e do cafei fugiu para Pespanha) e se decida pela agressão verbal contra o precário autor destas notas, um Zé ninguém.
No país dos boys é óbvio - em breve óbio - que boy e não boi prevalece, pois boi pertence ao léxico taurino (tauíno após a previsível queda do r de cornos, conos no âmbito ortográfico acordado, coisa que é feia no masculino sem o magnífico r, consoante mãe de todas as batalhas).
Porctanto vejamos:
1. O Y distingue o boy do boi. O primeiro fala portinglês e o segundo fala a quarta classe antiga, marrando abecedário, rios, etc., sendo mais sensato que o primeiro – o boi enganchando numa trama trágica diária conta os fados como cuspidelas lacrimejadas no rosto do destino. É porctanto comum e precvisível ouvir o boy dizer performance, como flop, assim como spréde, assim como self made à mão, do mesmo modo que nunca usa a expressão fast thinking apesar de portinglesa.
2. O verdadeiro boy usa gel e não usa chapéu. Normalmente o gel é da cor do nó da gravacta ou vice-versa. O boi usa o que pode.
3. O boy é de código genético um vice que sonha permanentemente com a oportunidade de ser um primeiro e que, logo que possa, mata o parceiro para lá chegar. Nos cromossomas traz um bafejo cheirando a nabos, a humildade dos nascidos remediados toscos numa beira alta ou baixa e gosta de n coisas caras nomeadamente de sonhar aristocrata turbo. O boi pasta.
4. O boy é politicamente correcto pela frente e ladrão por detrás, chegando a vender o pai, a mãe ou os irmãos. É muito comum não falar coma irmã mais velha por causa da quarta classe antiga dela. O boi vai á irmã no fim-de-semana.
5. O boy é centrista para os dois lados. O boi atura-o.
6. Os boys crescem como erva daninha. O boi come-a quando pode, pois dá cabo da outra, a boa.
7. Um boy pêessedê é muito diferente de um boy pêesse. O boy pêessedê consegue ser mais moderno, usar outro tipo de gel e o boy pêesse é mais ligado às sondagens e a perfumado de fresco.
8. Os boys detestam-se e chamam-se boys uns aos outros depreciativamente com o ânimo exaltado dos que afirmam o direito à indignação. O boi no caso pacienta.
9. Há o grande boy de conselho de administração e há o pequeno boy para-autárquico. É comum que o último, depois de sete anos de nojo, chegue a um conselho privado de administração empresarial local ou mesmo público.
10. A história dos boys remonta a introdução do vinho do Porto nas encostas soalheiras do Douro aquando da chegada dos ingleses que nos descobriram assim como nós descobrimos os indianos da Índia. Nessa altura a palavra boy significava rapaz e não rapace, sentido actual do termo. O que os foi unindo na classe dos boys – sindicato clandestino – foi a defesa do mesmo princípio relativo à comissão: comissão para cá ou nada feito é a expressão que mais se ouve sempre que se fala de fazer qualquer coisa em que entrem dinheiros públicos. O boy nunca fez nem fará nada de próprio porque ele é, como diz Agamben, o pequeno burguês planetário, o que tudo aposta na indiferenciação indistinta. O boy age sempre na sombra e por conta própria. O boy é mais perigoso que o boi mesmo quando este é da lezíria.
É por estas razões que gosto dos bois.
Finalmente o boy é um AMELO.
Fernando Mora Ramos
No país dos boys é óbvio - em breve óbio - que boy e não boi prevalece, pois boi pertence ao léxico taurino (tauíno após a previsível queda do r de cornos, conos no âmbito ortográfico acordado, coisa que é feia no masculino sem o magnífico r, consoante mãe de todas as batalhas).
Porctanto vejamos:
1. O Y distingue o boy do boi. O primeiro fala portinglês e o segundo fala a quarta classe antiga, marrando abecedário, rios, etc., sendo mais sensato que o primeiro – o boi enganchando numa trama trágica diária conta os fados como cuspidelas lacrimejadas no rosto do destino. É porctanto comum e precvisível ouvir o boy dizer performance, como flop, assim como spréde, assim como self made à mão, do mesmo modo que nunca usa a expressão fast thinking apesar de portinglesa.
2. O verdadeiro boy usa gel e não usa chapéu. Normalmente o gel é da cor do nó da gravacta ou vice-versa. O boi usa o que pode.
3. O boy é de código genético um vice que sonha permanentemente com a oportunidade de ser um primeiro e que, logo que possa, mata o parceiro para lá chegar. Nos cromossomas traz um bafejo cheirando a nabos, a humildade dos nascidos remediados toscos numa beira alta ou baixa e gosta de n coisas caras nomeadamente de sonhar aristocrata turbo. O boi pasta.
4. O boy é politicamente correcto pela frente e ladrão por detrás, chegando a vender o pai, a mãe ou os irmãos. É muito comum não falar coma irmã mais velha por causa da quarta classe antiga dela. O boi vai á irmã no fim-de-semana.
5. O boy é centrista para os dois lados. O boi atura-o.
6. Os boys crescem como erva daninha. O boi come-a quando pode, pois dá cabo da outra, a boa.
7. Um boy pêessedê é muito diferente de um boy pêesse. O boy pêessedê consegue ser mais moderno, usar outro tipo de gel e o boy pêesse é mais ligado às sondagens e a perfumado de fresco.
8. Os boys detestam-se e chamam-se boys uns aos outros depreciativamente com o ânimo exaltado dos que afirmam o direito à indignação. O boi no caso pacienta.
9. Há o grande boy de conselho de administração e há o pequeno boy para-autárquico. É comum que o último, depois de sete anos de nojo, chegue a um conselho privado de administração empresarial local ou mesmo público.
10. A história dos boys remonta a introdução do vinho do Porto nas encostas soalheiras do Douro aquando da chegada dos ingleses que nos descobriram assim como nós descobrimos os indianos da Índia. Nessa altura a palavra boy significava rapaz e não rapace, sentido actual do termo. O que os foi unindo na classe dos boys – sindicato clandestino – foi a defesa do mesmo princípio relativo à comissão: comissão para cá ou nada feito é a expressão que mais se ouve sempre que se fala de fazer qualquer coisa em que entrem dinheiros públicos. O boy nunca fez nem fará nada de próprio porque ele é, como diz Agamben, o pequeno burguês planetário, o que tudo aposta na indiferenciação indistinta. O boy age sempre na sombra e por conta própria. O boy é mais perigoso que o boi mesmo quando este é da lezíria.
É por estas razões que gosto dos bois.
Finalmente o boy é um AMELO.
Fernando Mora Ramos
2 Comments:
os eunucos devoram-se a si mesmos
nem mais!
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