Lisboa, 14 abr (Lusa) - A etiqueta discográfica Orfeu, com um catálogo que inclui nomes essenciais da música portuguesa desde os anos 1950, foi reativada com a edição esta semana da coletânea "REintervenção", em torno da obra de José Afonso.
"Há um catálogo muito rico, antigo, desconhecido do público, nalguns casos nunca foi editado em CD e acreditamos que há público", disse à Lusa Pedro Passos, da editora Movieplay, que detém o acervo daquela etiqueta.
A Orfeu foi fundada nos anos 1950 no Porto por Arnaldo Trindade, editor e colecionador de discos, e depressa passou a ser uma das mais importantes no registo tanto da música portuguesa como na gravação de poetas nacionais.
Foi por lá que saíram discos de Adriano Correia de Oliveira, José Afonson, Fausto, Sérgio Godinho, Paulo de Carvalho, Luis Cília, José Niza, e também poesia declamada por ou de Eugénio de Andrade, José Régio, Sophia de Melo Breyner Andersen, Agustina Bessa-Luís.
"Estamos a falar de muitos milhares de títulos", referiu Pedro Passos, acrescentando que o objetivo da Orfeu é também editar álbuns de originais de artistas portugueses.
A reativação da Orfeu acontece com a coletânea "REintervenção", uma nova leitura da obra de José Afonso por músicos diversos.
A ideia não é nova - já saíram outras coletâneas semelhantes - nas neste caso não se queria enaltece o autor, mas a obra, referiu.
"É mostrar a riqueza do repertório de Zeca Afonso e todo o alinhamento contou com o aval da viúva", disse Pedro Passos.
A compilação inclui JP Simões a interpretar "Canção da Paciência" com Norberto Lobo, Nancy Vieira ("Tu Gitana"), Afonso Pais e Orlando Santos em torno de "Era um redondo vocábulo", Tiago Sousa num instrumental para "A formiga no carreiro" ou Amélia Muge em "De sal de linguagem feita".
Os Cool Hipnoise juntaram-se a Janita Salomé e a Sam the Kid para "Eu vou ser como a toupeira" e Vítor Rua revisitou "Grândola Vila Morena".
Com algumas exceções, evitaram-se os temas mais conhecidos de Zeca Afonso, mas a escolha do repertório coube a cada artista convidado.
Pedro Passos convidou músicos que "dentro de cada género pudessem ter uma compreensão diferente da obra do Zeca".
Depois de "REintervenção", a Orfeu editará "Onde mora o mundo", original de JP Simões e Afonso Pais, e para os próximos meses prepara as reedições de "Operário em construção" e "País de Abril", este com poesia de Manuel Alegre, ambos ditos por Mário Viegas.
Está prevista também a reedição de dois discos que registam gravações do humorista Mena Matos, "Proibição de voltar à direita" e "25 de Abril 'confidencial'".
SS. | Lusa
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