14 de abril de 2005

"Um Olhar Fraterno" de João Afonso dos Santos


Uma pessoa, ainda que como José Afonso, avessa a notoriedades e vedetismos, depois que lhe constroem em redor uma reputação pública, é como uma moeda que mostra apenas o seu anverso, reconhecível e imutável. Por essa face se define, nos consagrados, e nem por isso menos verdadeiros, atributos.Todavia, para além da efígie está o homem, a sua história, a gestação tantas vezes contraditória do seu ser moral, isto é, o lado mais profundo onde tudo o resto se radica. Recompor-lhe a dimensão multifacetada, colocando em evidência os aspectos menos conhecidos da personalidade e do percurso de José Afonso, a par dos manifestos, é o contributo deste livro.E, como as circunstâncias envolventes, sejam elas específicas ou gerais (da época ou épocas), intervêm na modelação do barro humano, faz o livro umas curtas incursões no passado histórico e na matéria colectiva que o circundaram ou de que ele se nutriu.Uma visão e um testemunho pessoais, como o autor adverte na sua introdução, por parte de quem esteve, ao mesmo tempo, próximo e distanciado do biografado. Suficientemente distanciado para pôr na escrita o esforço de uma análise objectiva. E próximo para relatar algumas experiências comuns e não escrever de todo umas linhas desapaixonadas.

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