12 de dezembro de 2005

A VERDADE quase NUA E CRUA

A VERDADE quase NUA E CRUA
Sobre as eleições à Presidência da Republica

Já o dizia Albino Forjaz Sampaio, - a verdade nua e crua é uma utopia para os mortais, porque nua seria logo presa e crua causaria indigestão e repulsa- talvez seja por isso, para não serem presas e para não causarem indigestão e repulsa, que as “verdades” dos assustados candidatos partidários à Presidência da Republica nos chegam bem embrulhadas em “ roupagens” falsificadas, revestidas de adornos e laçarotes em tons laranja- rosa – vermelho claro escuro, saídas de diferentes “oficinas de contra-facção” mas todas tendo por objectivo travar a tempo a generalização do gosto pela prática da cidadania.

Todos numa conjugação e aliança tácita pouco subtil para, em última análise e para além da mera eleição em causa, blindar ao “vírus” do exercício responsável e democrático da cidadania, os aparelhos partidários tais como eles existem, exemplos de práticas que desacreditam aos olhos do Povo a DEMOCRACIA de que se dizem garantes.

É ensinamento da História que os “APARELHOS” organizativos, quando ameaçados nos seus privilégios, não hesitam em recorrer a todos os meios, mesmo aos mais condenáveis à luz da moral e da ética democrática, para se defenderem!

Que as portuguesas e portugueses comecem a demonstrar que estão fartos de serem manipulados por direcções partidárias que usam e abusam dos direitos dos cidadãos seus aderentes, em nome de interesses próprios ou de grupos, camuflados de supostos interesses nacionais:

Que na Sociedade Portuguesa se comece a tornar viva a consciência de que, para salvar a Democracia e a liberdade, é necessário que os Partidos políticos mudem e sejam autênticas escolas para a prática duma CIDADANIA informada e consciente:

- são sinais que levam as actuais lideranças partidárias à beira de uma crise de nervos.

Falam-nos da gravidade da crise que o País está vivendo, mas não falam, ( como o tem feito desde há muito Manuel Alegre) dos défices de democracia existentes nas suas próprias organizações e dos seus efeitos na Sociedade Portuguesa!

Para defender os seus aparelhos, e os seus privilégios dentro deles, mentem ! E para que a mentira tenha laivos de verdade, revestem-na de sábio palavreado!

Para o Dr. Louçã, o Partido Socialista tem dois candidatos que se entretêm em querelas partidárias que nada têm a ver com os reais problemas do País, aos quais só ele presta atenção.

Para o Dr. Mário Soares o candidato Manuel Alegre foi rejeitado pelo partido e por isso não tem o direito de se candidatar e permanecer no Partido, porque, segundo ele, não se pode ser, ao mesmo tempo, militante de um partido e cidadão livre e responsável pelas suas opções, mesmo quando devidamente enquadradas pelos preceitos constitucionais!
Ao que chegam os grandes mestres da DEMOCRACIA!

O Senhor Jerónimo de Sousa entra pelo mesmo diapasão, procurando legitimar a todo o custo a escolha da Direcção do Partido Socialista, não vá o “fogo” do vizinho entrar-lhe um dia pela casa dentro.

O Prof. Cavaco, do alto da sua cátedra, virando a cabeça de lado e com um gesto enérgico a sacudir do ombro as “cordas” partidárias que o sustentam, ( qual cigano que enxota o bicho que vem agarrado à corda) acede com alguma condescendência a ouvir os ignorantes destas coisas dos ciclos económicos e respectivas crises, sugerindo que, com ele, S. Bento irá a Belém, adorar o messias salvador da Pátria.

Não sei porquê, certamente nada tem a ver com a pessoa do Professor, mas sim com a natureza da competência justificativa do mérito da solução; de repente, dei por mim a lembrar-me que, na nossa história e também em momentos de grave crise, já os portugueses num dia do século passado caíram na tentação de chamar ao poder um Professor de finanças... com as consequências que, quase um século depois, ainda estamos pagando.

A VERDADE QUASE NUA E CRUA, É O DESAFIO Á “ UTOPIA “ DE PUGNAR POR UM PORTUGAL COM VALORES MORAIS E ÉTICOS, COESO E SOLIDARIO, COM DIRIGENTES EXEMPLARES E CIDADÃOS PARTICIPATIVOS.
Por um País capaz de assumir e praticar a “cooperação conflitual” necessária ao exercício pleno da DEMOCRACIA, em que de novo possamos ser todos por Portugal, porque Portugal demonstra ser de TODOS, no respeito pela equidade entre as competências e interesses de cada um.

A verdade quase nua e crua ( quase nua, porque ao que parece ainda temos a tanga com que tapamos as íntimas fraquezas e contradições ) está na sinceridade genuína do candidato e na força do puro voluntariado cívico que sustenta a candidatura de Manuel Alegre.

Alvito, 10 de Dezembro de 2005

Camilo Mortágua

1 Comment:

Anónimo disse...

A princípio, parecia que a candidatura do Manuel Alegre era a proposta mais cativante: um poeta e homem de esquerda, resistente da luta contra o fascismo... - enfim, com gente interessante a apoiá-lo... Para mais, um homem sacaneado pelo aparelho do seu próprio partido... Depois, começaram a ouvir-se as vozes e as ideias (ou a falta delas) nos debates. E a minha convicção nesta candidatura murchou. As ideias são poucas e as contradições são muitas. Ainda por cima, piscar o olho ao eleitorado do PC dizendo que era contra o fim do serviço militar obrigatório ?!... Pois foi a gota de água. Não só deveria ser voluntário há muito, como lhes tirava os privilégios e os brinquedos de luxo (aviões e submarinos que não patrulham coisa nenhuma). Se querem brincar aos soldadinhos e aos generais que chulem a NATO ou os fascistas americanos, que dinheiros dos nossos impostos, nem mais um cêntimo lhes dava. - "Mas, amigo, foram eles que fizeram o 25 de Abril..." E depois? também fizeram o 11 de Março e o 25 de Novembro, para já não falar do 28 de Maio. Desde a Revolução liberal que ocuparam os edifícios, as quintas e os privilégios da padralhada. Hoje, para além dos milhares de chulos fardados de que o país não precisa (alguém se lembrou de os mandar apagar fogos?), temos os bons profissionais que são treinados para matar e morrer em terras longínquas, seja no Kosovo ou no Afeganistão... - materialização da quintessência ideológica do imperialismo. Querem bons empregos, onde usar a vossa força e a vossa virilidade? E lá vão os tristes jovens, a troco de bons salários (?)... Por vezes voltam numa caixa de pinho...
Não! o serviço militar obrigatório é uma coisa serôdia, bacoca... E custou-me ouvir aquele que era o meu candidato a defender ideias tão retrógradas...