6 de janeiro de 2006

Lisboa: casa de Garrett começou a ser demolida

A casa onde viveu e morreu o escritor Almeida Garrett, em Campo de Ourique, Lisboa, começou hoje a ser demolida.

Em comunicado, o movimento de cidadãos lisboeta apela a todos os portugueses para que intercedam junto do primeiro-ministro, José Sócrates, a fim de evitar esta situação.

«Perante o analfabetismo crónico de quem tem dependido este processo lamentável - Câmara de Lisboa, Ministérios da Cultura e proprietário -, julgo que só há neste momento uma pessoa capaz de travar este processo, que é o primeiro-ministro», salienta o movimento em comunicado.

O edifício que hoje começou a ser destruído vai dar lugar a um condomínio de habitação com apartamentos luxuosos, promovido pelo proprietário do prédio, o actual ministro da Economia, Manuel Pinho.

Depois de a demolição do prédio ter sido autorizada pela autarquia lisboeta em 2004, o Fórum Cidadania, um movimento de cidadãos lisboetas, recolheu mais de 2.300 assinaturas numa petição a defender a preservação do edifício e a sua transformação numa casa-museu dedicada à memória do escritor de «Viagens na Minha Terra».

O então presidente da Câmara, Pedro Santana Lopes, mandou suspender em Junho do ano passado a autorização para demolir a casa, uma decisão que vigorou por seis meses, prazo que terminou na semana passada.

Na altura, o então vice-presidente da autarquia, Carmona Rodrigues, considerou que «a demolição do referido imóvel significaria a perda irreparável de um valor patrimonial da cidade de Lisboa e de um exemplo vivo da História de Portugal, atentando igualmente contra o ambiente urbano».

Como actual presidente do executivo camarário, Carmona Rodrigues justificou a decisão de autorizar o proprietário a demolir o imóvel com a inexistência de interesse da autarquia na preservação do edifício, além da falta de dinheiro para a sua transformação numa casa-museu, a aquisição de um espólio e o pagamento de contrapartidas a Manuel Pinho.

A autarquia recorda também que o Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) não classificou o edifício, tendo apenas recomendado a sua classificação como edifício de interesse municipal, mas já depois de emitida a autorização da demolição.

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