24 de fevereiro de 2006

Soneto para o José Afonso

O sílex maxilar abaixa e vibra,
viva rocha fremindo o escárnio e a dor
dos outros, que a sua é apenas flor
enrazinhada ao maxilar e frívola

quase, como quem não pretende. Víboras
de ar contente enpinam-se ao calor
da alheia orelha, e passado e amor
e presente e gente, ganham a estrídula

razão que inda não tinham. No paul
de vicioso bafo, um tremendal
de coxas rãs coaxam no azul

um vazio silênclo. E à barragal
do porto aconchegado em ocul-
ta estultícia chega um vento de sal...

JOÃO PEDRO GRABATO DIAS

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