Há uns bons anos atrás, estava a passar um serão em casa do Carlos do Carmo. E o José Mário Branco, como se estivesse a pensar alto, disse-me: “Ó Niza, já te apercebeste da dimensão universal das canções do Zeca?” Isolei-me da cavaqueira e fiquei a matutar naquilo. Afinal o que o Zé Mário me tinha dito era uma evidência. Uma evidência que de tão evidente me escapara até àquela noite.
Quando estamos muito por dentro das coisas não as vemos de fora. Não temos a noção, quando estamos num estúdio a gravar cantigas, de que podemos estar a fazer história: - o que nos ocupa, e preocupa, é fazer o melhor da melhor forma possível.
O Zé Mário tinha razão. A obra musical do Zeca está ao nível da de Jacques Brel, Léo Ferré, Serge Reggiani, Georges Brassens, Bob Dylan, ou outros. Atenção que não estou a considerar a eficácia poética da mensagem política, estou sobretudo a sublinhar a qualidade da arquitectura musical das canções do Zeca, a complexa simplicidade das melodias e dos ritmos, a perfeita interacção da poesia com a música e com a voz.
É por isto que a obra do Zeca está a ser cada vez mais estudada e divulgada, a ser objecto das abordagens mais diversas. Do rock ao jazz. Da música popular à música erudita. É isso que está a acontecer em Portugal e no estrangeiro. Como nunca aconteceu antes. Ainda há dias o Mário Laginha (o nosso Carlos Paredes do piano) – me dizia que a construção musical de “Era um redondo vocábulo”, uma canção “difícil”, era uma obra-prima da música contemporânea.
A obra musical do Zeca é – e vai ser – um “study case”. Coisas que só acontecem aos génios. E que às vezes levam tempo a perceber.
Quando estamos muito por dentro das coisas não as vemos de fora. Não temos a noção, quando estamos num estúdio a gravar cantigas, de que podemos estar a fazer história: - o que nos ocupa, e preocupa, é fazer o melhor da melhor forma possível.
O Zé Mário tinha razão. A obra musical do Zeca está ao nível da de Jacques Brel, Léo Ferré, Serge Reggiani, Georges Brassens, Bob Dylan, ou outros. Atenção que não estou a considerar a eficácia poética da mensagem política, estou sobretudo a sublinhar a qualidade da arquitectura musical das canções do Zeca, a complexa simplicidade das melodias e dos ritmos, a perfeita interacção da poesia com a música e com a voz.
É por isto que a obra do Zeca está a ser cada vez mais estudada e divulgada, a ser objecto das abordagens mais diversas. Do rock ao jazz. Da música popular à música erudita. É isso que está a acontecer em Portugal e no estrangeiro. Como nunca aconteceu antes. Ainda há dias o Mário Laginha (o nosso Carlos Paredes do piano) – me dizia que a construção musical de “Era um redondo vocábulo”, uma canção “difícil”, era uma obra-prima da música contemporânea.
A obra musical do Zeca é – e vai ser – um “study case”. Coisas que só acontecem aos génios. E que às vezes levam tempo a perceber.
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