13 de maio de 2007

“Vila Morena” prepara Observatório das Canções de Protesto

A ideia de criação de um observatório mundial dedicado às canções de protesto partiu do município de Grândola e está a ser desenvolvido em conjunto com a Associação José Afonso. O principal objectivo é “homenagear e valorizar a memória” do autor de “Grândola Vila Morena”, canção emblemática do 25 de Abril de 1974, e “imortalizar” a sua obra, afirma Graça Guerreiro Nunes, vereadora da Cultura da autarquia alentejana. Quando estiver “devidamente consolidado”, as duas instituições pretendem apresentar o projecto “inovador” ao Parlamento Europeu, à Unesco e a alguns organismos nacionais “que podem ser parceiros da iniciativa”.

Apesar de ainda se encontrar em “fase embrionária”, o projecto que começou a ser delineado no final do ano passado, pretende “estudar e eternizar” canções de protesto de todo o mundo, pois, na opinião de Graça Guerreiro, estas representam uma “arma fortíssima” não só de “um passado recente” mas também do “presente e do futuro”.

Para dinamizar o futuro Observatório Mundial das Canções de Protesto estão planeadas diversas actividades artísticas e culturais. A, criação de um centro de documentação, promoção de espectáculos e realização de congressos são apenas algumas delas. O observatório dedicar-se-á ainda à pesquisa e estudo de âmbito nacional e internacional e premiará a investigação sobre canções de protesto que se tenham revelado determinantes na história dos seus países.

De acordo com a autarquia grandolense, o observatório irá “desenvolver a criação de um ensino não formal” no âmbito do estudo das canções e poesias de protesto que, ao mesmo tempo, poderá “cooperar” com escolas e outras instituições nesse mesmo sentido. Aliás, o poder local e a Associação José Afonso preparam já, em conjunto, algumas iniciativas que visam a divulgação da vida e obra do poeta que tem por objectivo “contribuir para o enriquecimento do programa curricular do 1ºciclo”.

Para Alípio de Freitas a criação do observatório é “bastante importante”. O presidente da Associação José Afonso acredita que “através da arte e da música as pessoas podem voltar a assumir o seu papel de cidadãos, do qual se têm vindo a demitir”. A ideia é utilizar o “exemplo do Zeca” e “despoletar consciências” criando um lugar onde a canção de protesto seja “cultivada e divulgada”, “consolidando a sua importância” na cultura portuguesa e estrangeira, garante Alípio de Freitas.

O futuro observatório poderá ser, segundo a autarquia, sediado em “diferentes locais” do concelho, dado o seu vasto leque de áreas de intervenção. Exposições e colóquios serão apresentados em várias instituições e os encontros e actuações de cantores podem mesmo ser promovidos em praças públicas. No entanto, a vereadora adianta que algumas estruturas deverão ser construídas nas instalações do estabelecimento prisional do Pinheiro da Cruz caso este seja deslocalizado, como é intenção do Governo. Para além das “excelentes condições de acessibilidade”, o espaço é “de facto apropriado para acolher parte do observatório e também o Museu da Resistência”, outro dos projectos que a autarquia quer ver concretizado, admite Graça Guerreiro.

in www.setubalnarede.pt

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